MARÍA LUISA BEMBERG 100 ANOS

MARÍA LUISA BEMBERG 100 ANOS é a primeira mostra de cinema no Brasil a homenagear a diretora e roteirista argentina María Luisa Bemberg, que em 2022 faria 100 anos de idade. María Luisa Bemberg é reconhecida internacionalmente por sua excepcional obra cinematográfica, desenvolvida entre os anos 1970, 1980 e início dos 1990 – uma novidade fulgurante comparada ao cinema feito, na mesma época, na Argentina, no Brasil e na América Latina em geral, tanto por questões formais, estéticas e discursivas, quanto por questões temáticas e políticas, com a abordagem de reivindicações feministas que focalizam a autonomia sexual das mulheres. MARÍA LUISA BEMBERG 100 ANOS conta com 4 longas e 2 curtas-metragens inéditos no Brasil. A retrospectiva será disponibilizada na plataforma CCSPlay gratuitamente, com acesso ilimitado aos filmes de 16 de maio a 16 de junho de 2022.

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SENHORA DE NINGUÉM

de María Luisa Bemberg

Señora de nadie, Argentina, 1982, 94 min., 12 anos.

Com Luisina Brando, Rodolfo Ranni, Julio Chávez, China Zorrilla, Susú Pecoraro, Gabriela Acher.

Leonor é uma dona de casa que descobre que seu marido a engana. Com mais medo que convicção, abandona a casa ao redor da qual construiu sua vida, confiando seus filhos aos cuidados do marido. Começa a trabalhar em uma imobiliária e pela primeira vez ganha seu próprio dinheiro. Torna-se amiga de um jovem homossexual, Pablo, sensível e solitário como ela. Pouco a pouco, Leonor irá se reencontrar com seus filhos, e tentará recuperar as marcas perdidas de sua própria identidade.

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CAMILA

de María Luisa Bemberg

Camila, Argentina, 1984, 109 min., 16 anos.

Com Susú Pecoraro, Imanol Arias, Héctor Alterio, Elena Tasisto, Carlos Muñiz, Claudio Gallardou, Boris Rubaja, Mona Maris.

Camila O’Gorman, educada sob o severo sistema de uma família tradicional, no qual a virgindade e a dedicação às virtudes domésticas são um mandato, se apaixona pelo jovem jesuíta Ladislao Gutiérrez. O sacerdote desafia a disciplina da igreja e eles fogem juntos, sendo apanhados e fuzilados. O filme trabalha o vínculo entre desejo e política sob uma forma cinematográfica convencional (o melodrama) orientada por uma revisão crítica do drama histórico. Baseado em fatos reais ocorridos durante o governo do general Juan Manuel de Rosas, em meados do século XIX. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1985.

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MISS MARY

de María Luisa Bemberg

Miss Mary, Argentina, 1986, 102 min., 16 anos.

Com Julie Christie, Nacha Guevara, Eduardo Pavlovsky, Gerardo Romano, Iris Marga, Luisina Brando.

História de uma família-símbolo da oligarquia que, durante mais de 50 anos, manejou a Argentina como se fosse sua própria estância. Seus integrantes são surdos aos rumores de um mundo que vai mudando, indiferentes a tudo que não seja eles mesmos, e sonham um sonho do qual despertarão abruptamente com a chegada de Juan Domingo Perón ao poder. Esses acontecimentos, transcorridos entre 1938 e 1945, são recordados pela governanta inglesa Miss Mary. O filme é um documento vivo e comprometido que mostra a repressão dos sentimentos como reflexo de uma sociedade rígida e patriarcal, e também um contexto familiar hipócrita e autoritário, onde importam mais as convenções sociais que o amor. 

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EU, A PIOR DE TODAS

de María Luisa Bemberg

Yo, la peor de todas, Argentina, 1990 108 min., 14 anos.

Com Assumpta Serna, Dominique Sanda, Héctor Alterio, Lautaro Murúa, Graciela Araujo, Alberto Segado, Gerardo Romano, Franklin Caicedo, Hugo Soto.

Inspirado no ensaio As armadilhas da fé (Las trampas de la fe, 1982), de Octavio Paz, o filme narra os últimos anos de vida da célebre Sor Juana Inés de la Cruz, que aos 20 anos se trancou em um convento para poder estudar. Na época colonial, o México era fortemente custodiado pela Coroa Espanhola e pela Igreja Católica, dois poderes que, muitas vezes, se confrontavam. A vida de Sor Juana está marcada por essas duas forças: os vice-reis a protegem; a Igreja a desaprova por seu fervor poético e atrevimento teológico. Tampouco vê com bons olhos seus sonetos apaixonados dirigidos à vice-rainha. 

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BRINQUEDOS

de María Luisa Bemberg

Juguetes, Argentina, 1978, 11 min., livre.

Filmado em uma feira de brinquedos em Buenos Aires, este documentário traz diversas entrevistas com meninas e meninos de 09 e 10 anos. Elas, uniformemente, querem ser professoras; eles, variavelmente, falam de um conjunto muito distinto de profissões. Brinquedos é um documentário sobre a socialização e o caráter pedagógico dos objetos e dos discursos que nos acossam antes mesmo de nascermos. Bemberg mostra como os brinquedos oferecem uma dramática pedagogia tautológica que vai criando o mundo e, sobretudo, o destino de seus usuários.

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O MUNDO DA MULHER

de María Luisa Bemberg

El mundo de la mujer, Argentina, 1972,15 min., livre.

O primeiro filme de María Luisa Bemberg é o retrato ácido de uma feira com produtos destinados à mulher, realizada pela Sociedad Rural Argentina, organização-mor da aristocracia local. O olhar irônico sobre os valores perpetuados pelo machismo se faz sem intervenção da narração e se assenta nos efeitos produzidos pela montagem, pela música e pela própria mise en scène, que desloca radicalmente o que vemos.