
CHRISTIAN PETZOLD E A ESCOLA DE BERLIM
A mostra exibe seis filmes, os três de Christian Petzold que compõem a sua trilogia Amor em tempos de sistemas opressivos, dois filmes seminais da diretora Angela Schanelec, e Western, da diretora Valeska Grisebach.

WESTERN
de Valeska Grisebach
Alemanha, 2017, 120 min, 12 anos
Com Meinhard Neumann, Reinhardt Wetrek, Waldemar Zang
Um grupo de trabalhadores alemães da construção civil iniciam uma jornada de trabalho dura em uma remota região rural bulgária. No local, enquanto o senso de aventura dos homens aparece, eles também são confrontados com seu próprio preconceito e pela desconfiança devido à barreira da língua e às diferenças culturais. Mas tudo se intensifica quando passam a competir por reconhecimento.
sobre o filme: “Valeska Grisebach parece não ter pressa. Foram longos 11 anos de espera entre seu segundo longa e seu trabalho mais recente, Western, que estreou no Festival de Cannes.” A sua narrativa segue uma estrutura quase documental e revela sem nenhuma urgência os temas do impacto da globalização sobre a população mais afastada dos grandes centros urbanos.

PHOENIX
de Christian Petzold
Phoenix, Alemanha, 2014, 98 min, 12 anos
Com Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Nina Kunzendorf
Nelly Lenz sobreviveu a um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, mas ficou terrivelmente desconfigurada. Após uma cirurgia de reconstrução facial, Nelly volta a Berlim em busca do seu marido Johnny. Quando ela finalmente o encontra, Johnny não a reconhece, mas se aproxima dela com uma proposta, já que Nelly se parece com a sua esposa, a quem ele acredita estar morta. Johnny pede para que ela o ajude a reivindicar a herança de sua viúva. Nelly concorda, pois deseja descobrir se Johnny a amava, ou se ele a traiu.
Sobre o filme: Considerada a obra prima do diretor Christian Petzold, um filme que consegue discutir questões profundas tanto num nível pessoal, quanto elevá-las para uma dimensão universal, discutindo como um país inteiro consegue superar as tragédias de uma guerra. Segundo filme da trilogia Amor em tempos de sistemas opressivos.

EU ESTAVA EM CASA MAS…
de Angela Schanelec
Ich war zuhause, aber, Alemanha, 2019, 105 min, 12 anos
Com Maren Eggert, Jakob Lassalle, Clara Möller
Um garoto de 13 anos desaparece, sem deixar vestígios. Após uma semana, ele reaparece no pátio da escola, sujo e diferente. Sua mãe e seus professores podem apenas tentar adivinhar o que ele procurava: uma extrema proximidade com a natureza ou a morte, por causa da recente perda de seu pai. O comportamento do garoto invalida tudo aquilo que, até então, eles tomavam como certo.
Sobre o filme: “… a verdade só se revela quando você é forçado a perder o controle…” fala de Astrid, protagonista do filme. “Os filmes da diretora alemã Angela Schanelec têm ritmo e tom próprios – misteriosos, comoventes, descortinam a metafísica que se esconde atrás da superfície plácida da vida cotidiana. Seu trabalho com atores é como o de nenhum outro cineasta, uma abordagem radical da performance que se baseia em sua própria experiência nas tradições do teatro, tanto quanto o antinaturalismo bressoniano.”

EM TRÂNSITO
de Christian Petzold
Transit, Alemanha, 2019, 101 min, 14 anos
Com Franz Rogowski, Paula Beer, Godehard Giese
Quando Georg (Franz Rogowski) tenta fugir da França após a invasão nazista, ele rouba os manuscritos de um autor falecido e assume sua identidade. Preso em Marseille, acaba conhecendo Marie (Paula Beer), que está desesperada para encontrar seu marido desaparecido – o mesmo que ele está fingindo ser. Para complicar ainda mais, ele começa a se apaixonar por ela.
Sobre o filme: estreando no festival de Berlim, é o último filme da trilogia Amor em tempos de sistemas opressivos, e o mais acessível dos três. O filme se passa em um tempo de guerra indefinido, trazendo uma conexão entre o fascismo inerente aos tempos da guerra e o atual sentimento anti refugiados que tomou conta do cenário político contemporâneo.

O CAMINHO DOS SONHOS
de Angela Schanelec
Der traumhafte Weg, Alemanha, 2018, 86 min, 12 anos
Com Miriam Jakob, Thorbjörn Björnsso , Maren Eggert
Grécia, 1984. Kenneth, um homem inglês, e Theres, uma garota alemã, trabalham cantando na rua para financiar suas férias. Estão apaixonados, mas quando Kenneth descobre que sua mãe sofreu um acidente, retorna para casa às pressas. Berlim, 30 anos depois. Ariane, uma atriz de televisão, se separa do marido, um antropólogo bem-sucedido. Quando se muda para um apartamento perto da estação central, ele começa a ver um sem-teto do lado de fora de sua janela.
Sobre o filme: Angela Schanelec é provavelmente a diretora mais original e subestimada entre os cineastas alemães contemporâneos conhecidos coletivamente como a Escola de Berlim. Schanelec trabalha em outra chave, seus filmes têm ritmo e tom próprios – são misteriosos, comoventes, e descortinam a metafísica que se esconde atrás da superfície plácida da vida cotidiana.

BÁRBARA
de Christian Petzold
Alemanha, 2012, 105 min, 12 anos
Com Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Rainer Bock
Verão de 1980. Bárbara é cirurgiã pediátrica em um hospital a leste de Berlim. Quando as autoridades desconfiam que ela deseja passar para o lado oriental da cidade, ela é transferida para uma pequena clínica no interior, em um vilarejo isolado. Enquanto seu amante, Jörg, que vive em Berlim oriental, prepara a sua fuga, Bárbara começa a receber grande atenção do chefe do hospital, André. Será que este homem está apaixonado por ela ou apenas espionando seus atos para o governo?
sobre o filme: Primeiro filme da trilogia Amor em tempos de sistemas opressivos, vencedor do Silver Bear de roteiro para o diretor e escritor Christian Petzold, e mais uma colaboração com uma das maiores atrizes da Alemanha na atualidade, Nina Hoss. O filme se passa durante a Cortina de Ferro, na era soviética, um cenário que permite ao diretor analisar com muita competência os dilemas morais complexos e endêmicos daquele tempo e lugar.